A partir do ano que vem, toda pessoa que se candidatar ao cargo de patrão de um Centro de Tradições Gaúchas (CTG) terá que apresentar o certificado do Curso de Formação Tradicionalista (CFor) - Básico ou Patronagem. Ambos já são oferecidos pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), mas até então nunca foram requisitos para eleição. Na opinião de atuais patrões de entidades de Pelotas, o curso é fundamental para quem for comandar um CTG. A dinâmica das atividades, no entanto, precisaria ser repensada. No último final de semana, uma equipe de palestrantes realizaria o curso no Morro Redondo, mas não houve número suficiente de participantes, mesmo com o convite abrangendo integrantes de três Regiões Tradicionalistas - 26ª, 21ª e 16ª - para viabilizar o evento, ao custo de R$ 100,00 por pessoa.

"O MTG já disponibiliza o sistema híbrido, até porque temos tradicionalistas que ainda não estão adaptados à tecnologia", considerou o coordenador da 26ª Região Tradicionalista, Márcio Corrêa, ao ser questionado se uma outra data poderá ser avaliada para o CFor. Ele explica que são cursos distintos, como o básico, que trabalha o estatuto do MTG e como funciona a organização. "A patronagem vai além do tradicionalismo, pois temos que ver um CTG como uma empresa e, nesse sentido, a gestão é fundamental." Corrêa deixa claro que a exigência dos cursos para os futuros candidatos foi colocada em votação durante a Convenção de 2021, com a aprovação da maioria dos participantes.

Os patrões de duas entidades de Pelotas, a centenária União Gaúcha João Simões Lopes Neto e o Thomaz Luiz Osório, são favoráveis à exigência do CFor e acreditam que o momento econômico pede essa capacitação. "Tocar um CTG é assumir uma grande responsabilidade, então o patrão precisa ter noção do estatuto", disse Marcelo Crizel, patrão do Thomaz. Ele questiona, no entanto, a forma como é ofertada o curso, que mesmo sendo descentralizado no RS, poderia ser online, reduzindo custos de deslocamento e viabilizando a participação de pessoas que têm compromisso profissional ou familiar. "Eu fiz online durante a pandemia e foi muito bom e importante para a gestão", aponta.

Romualdo Cunha Júnior vai deixar a patronagem da União Gaúcha no final do ano com a sensação de missão cumprida. Para ele, os esclarecimentos recebidos nos cursos de capacitação, dos quais participou junto com integrantes da entidade, foram fundamentais para manter, por exemplo, a União em dia durante a pandemia. "Temos que pensar como se fosse empresa, pois temos obrigações patrimoniais e funcionais."

Ao assumir o comando da União Gaúcha, em 2019, o patrão percebeu que pequenos impasses impediam o CTG de dar grandes passos e, se não fosse o olhar atento para a questão administrativa, possivelmente a entidade tradicionalista mais antiga do Rio Grande do Sul estaria com as portas fechadas. O gestor não tira o mérito das patronagens anteriores e das mais antigas, quando temas importantes eram tratados em longas "charlas", com apenas registros em ata. "No entanto, temos que evoluir. Um exemplo foi que no momento em que a entidade voltou a declarar imposto de renda, passou a estar habilitada a concorrer a editais públicos", explica.

Outro requisito
Também ficou definido na última Convenção que somente poderá se eleger como patrão aquele que comprovar, mediante certidão negativa expedida pela assessoria jurídica do MTG, que não está litigado ou que não litiga em nenhum processo contra o MTG, em que tenha sido julgado culpado.

Demanda
O diretor de Cursos do MTG, Anderson Hartmann, adianta que entre os dias 7 e 11 de novembro será realizado um Curso de Formação - patronagem online, de duas a três horas por noite. "Será uma oportunidade para quem não quiser ou não puder fazer presencialmente, de participar conosco desta formação".